Casas do Bairrinho
11 de novembro ·
No dia em que decorrem, em Paris, as celebrações dos 100 anos do armistício que assinalou o fim da 1ª Guerra Mundial, recordamos, em sincera homenagem, José Joaquim Correia, o soldado 535, um sobrevivente ao grande massacre de La Lys.
Nascido em 1 de Maio de 1896, nos Vales, no limiar da sua juventude foi impedido de emigrar com a família para o Brasil porque se impunha o cumprimento do serviço militar obrigatório, missão que cumpriu com a maior dedicação ao próximo e à Pátria.
Em La Lys, depois que a refrega amainou, foi-lhe confiada a difícil tarefa de identificar os inúmeros corpos que jaziam no campo de batalha por ser um dos poucos que sabiam ler e escrever. Da argola identificativa, que circundava o braço de cada militar, retirava os dados e passava-os para uma cruz de madeira que ele próprio fazia e que encimava as respectivas campas.
De regresso a Portugal continuou ao serviço da tropa e acompanhou Sidónio Pais nas cerimónias da tomada da presidência, facto que pode reviver quando, em Abril de 1974, a televisão lhe trouxe imagens desse acontecimento. Reconhecendo-se, perguntou às filhas se sabiam quem era aquele homem, a cavalo, ao lado do presidente. Perante a estranheza, não se fez demorar – Aquele sou eu, o vosso pai.
Na altura já as pernas fraquejavam, as sequelas da guerra eram notórias, tinha vivido longo tempo entrincheirado, com água e lama até aos joelhos. Mas continuava um homem bonito, generoso, inteligente e sempre de bem com a vida.
Falamos do “Chabez”, sim, desse mesmo, do Chabez de Vila Nova.
Sambade,
11 de Novembro de 2018
Maria Alzira Vaz
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