domingo, 30 de dezembro de 2018

I GUERRA MUNDIAL

Casas do Bairrinho 11 de novembro ·
 No dia em que decorrem, em Paris, as celebrações dos 100 anos do armistício que assinalou o fim da 1ª Guerra Mundial, recordamos, em sincera homenagem, José Joaquim Correia, o soldado 535, um sobrevivente ao grande massacre de La Lys. Nascido em 1 de Maio de 1896, nos Vales, no limiar da sua juventude foi impedido de emigrar com a família para o Brasil porque se impunha o cumprimento do serviço militar obrigatório, missão que cumpriu com a maior dedicação ao próximo e à Pátria. Em La Lys, depois que a refrega amainou, foi-lhe confiada a difícil tarefa de identificar os inúmeros corpos que jaziam no campo de batalha por ser um dos poucos que sabiam ler e escrever. Da argola identificativa, que circundava o braço de cada militar, retirava os dados e passava-os para uma cruz de madeira que ele próprio fazia e que encimava as respectivas campas. De regresso a Portugal continuou ao serviço da tropa e acompanhou Sidónio Pais nas cerimónias da tomada da presidência, facto que pode reviver quando, em Abril de 1974, a televisão lhe trouxe imagens desse acontecimento. Reconhecendo-se, perguntou às filhas se sabiam quem era aquele homem, a cavalo, ao lado do presidente. Perante a estranheza, não se fez demorar – Aquele sou eu, o vosso pai. Na altura já as pernas fraquejavam, as sequelas da guerra eram notórias, tinha vivido longo tempo entrincheirado, com água e lama até aos joelhos. Mas continuava um homem bonito, generoso, inteligente e sempre de bem com a vida. Falamos do “Chabez”, sim, desse mesmo, do Chabez de Vila Nova. Sambade,
11 de Novembro de 2018
Maria Alzira Vaz

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

LENDA

A LENDA DO PADRE DO MINHO – SAMBADE, ALFÂNDEGA DA FÉ

TEIXEIRA DA SILVA *
Teixeira da Silva.JPG. 
Veio para a aldeia de Sambade (hoje freguesia), já há muitos anos, um padre de origem minhota. Ele vivia com uma irmã (de sangue), que segundo diziam (as más línguas da época) dava conversa ao barbeiro do prior.Um dia, o sacerdote não gostando da cortesia que o barbeiro lhe havia feito, matou a irmã e enterrou-a no adro da igreja, como era usual.
Diversas pessoas lhe perguntavam pela irmã, a que ele sempre respondia que tinha regressado à sua terra natal.
Mas a mentira tem perna curta ou as lendas são criadas à feição de cada um, e vai daí, passados alguns anos, o templo começou a ficar pequeno pelo que houve necessidade em no alargar. Ao se proceder ao desaterro, encontraram o cadáver da mulher intato. Posteriormente foi enterrado no altar-mor e considerada santa.
O povo indignado fez os seguintes versos:
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PASSEI POR TRÁS DA IGREJA
CHEIROU-ME A PERA MADURA.
DONA MARIA LUISA
METIDA NA SEPULTURA.
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PASSEI POR TRÁS DA IGREJA
CHEIROU-ME A PERA MARMELA,
DONA MARIA LUISA
METIDA DEBAIXO DA TERRA.
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(Baseado in “Raízes da Nossa Terra”, by AFONSO, Belarmino, Delegação da Junta Central das Casas do Povo de Bragança,  ano de 1985, página 111)
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Pesquisa e adaptação de
TEIXEIRA DA SILVA, AJ
Gondomar, Porto, Portugal